quinta-feira, 10 de março de 2011

Picasso, contemplação e criação



“Picasso procura uma moldura vazia, coloca-a sobre um cavalete e vai passando um a um os desenhos. Observa-os de perto e de longe, às vezes põe os óculos para perceber melhor um detalhe. Observa-os como se jamais tivesse visto um desenho... Seus olhos não se desviam. Indiferente ao resto, está completamente absorvido por aquilo que olha. Lançou ali toda a força de sua atenção. A avidez de sua curiosidade, seu poder de concentração são talvez a chave de seu gênio...
            Um dia ele disse a Sabartés: ‘Ninguém presta bastante atenção. Se Cézanne é Cézanne, é exatamente por isso: quando está diante de uma árvore, ele olha atentamente o que está diante de seus olhos; olha-o fixamente, como um caçador que mira o animal que quer abater. Um quadro, com frequência, é apenas isto... É preciso pôr nele toda a nossa atenção.’”

Do livro Conversas com Picasso (Cosac & Naify, p. 113), onde o fotógrafo Brassaï relata seus dias de convivência com o pintor espanhol. 
Leia texto sobre o livro aqui, por Floriano Martins

Nenhum comentário:

Postar um comentário