quarta-feira, 25 de março de 2015

A Herberto Helder (23.11.1930-24.03.2015)


deixaste oco o teu corpo
em cada rosto que animaste
      pelo poro da palavra
áleo andarilho aliciador de sóis alucinados
entornando o vinho
e parindo as varas da videira
como um gêmeo perverso de gênio avesso
semeando os esporos da noite
      em teu último suspiro
entregue ao teu íntimo amparo
teus passos cumpristes
sobre o relvado ardente
onde não resta caminho

                   Márcio Simões. 24.03.2015