sexta-feira, 4 de março de 2011

O Livro Invisível de William Burroughs, por Floriano Martins


NÃO É PECADO

Quando você escutar tão doce síncope
E a música lamentar-se suavemente
Não é pecado arrancar sua pele
E dançar ao redor de seus ossos
Quando ficar muito quente e desconfortável
E você não conseguir um sorvete de casquinha
Não é pecado arrancar sua pele
E dançar ao redor de seus ossos
Assim como aqueles agitados garotos
Na área tropical dos mares do sul
Não é pecado arrancar sua pele
E dançar ao redor de seus ossos
 
EU TRABALHO PARA O BURACO NEGRO

Eu trabalho para o buraco negro
Onde nenhuma lei é válida.
Trabalhando para o buraco
Eu faço uma mula parir
Sou espião não convidado
Alma errante sem dado
Irrompo aqui
Irrompo ali
Não tenho meta humana
Sou singular
Não tenho eu humano
Nem humano paga meus impostos
Ou liberta meu eu
Sou fechadura sem chave
Uma singularidade
Eu trabalho para o buraco negro
Onde nenhuma lei é válida.

O livro invisível de William Burroughs é uma colagem de textos do escritor norte-americano e de Floriano Martins, montado como um diálogo teatral entre quatro versões do autor de Almoço Nu. Os dois poemas acima, em tradução de Martins, são extraídos da obra. Para conferir o trabalho completo, clique aqui.

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