uma rosa
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . augures
fulgura um instante
i(móvel) e e(terna)
e não pertence a ninguém.
tens
apenas o que és:
o sobrenatural é
isto
quem tu és
não existe.
quem existes
não é: o que de ti existe
escapou de ti mesmo
como o fruto cai da árvore
para ser consumido
à mesa do tempo.
perguntas onde estás
quem são estes que te chamam pelo nome
como se te conhecessem
que se te conhecessem não te chamariam por
nome algum
. . . . . . . . . . . . . ELES NÃO ESTÃO EM
PARTE ALGUMA
são apenas o tempo em que te moves
e morrem quando morres.
_____________________________________
anotação à margem do poema:
é preciso estar vigilante
como um atalaia nos altos montes
porque, ao menor descuido, nos
desprendemos
e caímos novamente nos
profundos poços do tempo
e chamaremos com estranhos nomes
ao nosso esquecimento das alturas.
[Os elementos do caos. Natal: Sebo Vermelho, 2001]